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O prefeito de Nova York, Eric Adams, acaba de anunciar um plano ousado: construir 100 mil novas moradias para 250 mil pessoas em uma das maiores metrópoles do mundo. O plano é uma tentativa de solucionar a crise habitacional que assola os nova-iorquinos, em que mais de 100 mil pessoas – sendo mais da metade delas migrantes – estão em situação de rua e atualmente hospedadas em abrigos, hotéis ou acampamentos, de acordo com o jornal internacional The New York Times.

E tem mais: o prefeito apresentou a meta de construir 500 mil novas residências até a próxima década. A ideia é erguer edifícios de até quatro andares acima de espaços já prontos de apenas um andar, como lavanderias e outros comércios. A iniciativa também permitiria a construção de novas unidades em porões e sótãos, além de incentivar que proprietários convertam espaços comerciais em residenciais e considerar a possibilidade de erguer estes edifícios em estacionamentos vagos.

O plano é construir edifícios de até quatro andares em cima de espaços comerciais de apenas um andar, como lavanderias — Foto: Divulgação/New York City Department of City Planning

Entenda o que é necessário para alterar a destinação de edifícios
O projeto é inspirado nas accessory dwelling units (ADUs) – unidades residenciais acessórias, em tradução livre – que foram construídas em Los Angeles. Porém, em vez de ocupar quintais de residências com apenas uma família, como aconteceu na cidade californiana, as unidades nova-iorquinas pretendem explorar a verticalização – já que o espaço aberto está em falta.

Apesar de parecer uma boa ideia à primeira vista, a solução encontrada pelo prefeito vem com uma série de revisões regulatórias, como a revogação de mandatos que exigem que novos edifícios residenciais tenham vagas de estacionamento. Além disso, o prefeito Eric Adams apoiou a construção de unidades residenciais menores do que os limites previstos pela legislação, com o objetivo de incluir o maior número possível de unidades nos novos edifícios.

Estacionamentos vagos também são espaços que podem receber essas novas unidades habitacionais — Foto: Divulgação/New York City Department of City Planning

Este comentário trouxe à tona posicionamentos anteriores do prefeito, incluindo uma ideia dita em março que questionava a necessidade dos quartos em Nova York precisarem de janelas, o que levou a acusações de que o político estaria infringindo regulamentos de segurança pública considerados sagrados. É importante lembrar que as janelas são uma obrigatoriedade recente na cidade: foi apenas em 1901 que o Tenement House Act entrou em vigor, quando se tornou imprescindível que os imóveis tivessem ventilação suficiente.

Crise habitacional: como Nova York pretende construir 100 mil novas moradias — Foto: OlegAlbinski/Getty Images


O projeto também está alinhado com a visão do prefeito de uma “solução de design escalável”, que construiria habitações da Seção 8 da New York City Housing Authority (NYCHA) – uma empresa que fornece habitação pública na metrópole – em cima de playgrounds, estacionamentos e espaços abertos de propriedades da Seção 9. Esta visão foi chamada de apropriação de terras pela Câmara Municipal, mas endossada por alguns arquitetos de Nova York.

A ideia é inspirada nas nas accessory dwelling units (ADUs) – unidades residenciais acessórias, em tradução livre – que foram construídas em Los Angeles — Foto: Divulgação/New York City Department of City Planning

“Muitos dos desafios que enfrentamos como cidade estão enraizados em uma contínua escassez de habitação que está forçando muitas pessoas a deixar a cidade de Nova York e tornando a vida cada vez mais difícil para aqueles que ficam”, disse Adams em seu pronunciamento. “Por mais de 60 anos, adicionamos camadas e mais camadas de regulamentações, proibindo efetivamente os tipos de habitação dos quais nossa cidade sempre dependeu. Hoje, estamos propondo as mudanças mais pró-habitação na história do moderno código de zoneamento da cidade de Nova York – mudanças que removerão barreiras de longa data perante as oportunidades, e que finalmente acabarão com o zoneamento excludente, reduzirão a burocracia e transformarão nossa cidade”, completou.

Fonte: Casa Vogue