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Deficiências de geometria, deformação e corrosão são encontradas com frequência em colunas principais, vigas, ligações parafusadas e soldas. Entenda

As grandes construções legalmente edificadas possuem alvarás da prefeitura, Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), book da obra – fornecido pelos construtores –, e laudos técnicos. Na conclusão da obra, os engenheiros também emitem um documento que estipula a vida útil, ou seja, é estimado o tempo que a estrutura deve se manter estável, em segurança e em plena capacidade para cumprir com a sua finalidade. Essa projeção da vida útil conta com perícia regular, a fim de identificar e corrigir inconformidades desenvolvidas no decorrer do tempo.

Para a engenheira Lia Kanapp, do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (Ibape/SP), a perícia especificamente para a estrutura é de extrema importância para manter a segurança da construção como um todo. “O laudo teórico de vida útil fornece base para a periodicidade de manutenção, mas não tem regra para determinar a validade de uma obra. Por isso, sugerimos perícia estrutural a cada cinco anos, ou se algum fato novo ocorrer, com a própria estrutura ou em sua vizinhança. Assim, é possível acompanhar paulatinamente a vida útil e a segurança da obra”, diz Lia Kanapp.

O engenheiro Frederico Mol, da KOT Engenharia, acredita que o primeiro passo da perícia técnica é o levantamento dos laudos – legais e técnicos – produzidos no decorrer da construção. E, somente após a análise dos papéis, é que devem ser feitas as vistorias na sustentação. “Precisamos identificar o tipo de material e como foi instalado para, então, avaliar”, diz Mol. Nas estruturas descobertas, as inspeções começam de modo visual com o aferimento de dimensão, nivelamento e observação sobre a deterioração da estrutura. “Em materiais encobertos pelas paredes de concreto – como é o caso das estruturas metálicas –, a avaliação é mais complexa e, incialmente, é realizada de forma indireta. Geralmente, os danos apresentados na argamassa ou fissuras no concreto são indicativos que existem movimentações não programadas para a estrutura. Isso acontece porque o aço possui elasticidade cerca de 10 vezes superior ao concreto e o concreto se rompe primeiro”, explica Mol.

Segundo o engenheiro, construções, como pontes e máquinas de grande porte, também podem ser monitoradas por meio de células de carga ou strain gages – técnica que permite medir o estresse de colunas e cabos e ainda obter cargas atuantes na estrutura. “A aplicação desse procedimento vem crescendo nos últimos anos. Quando corretamente aplicado, permite o monitoramento remoto das estruturas metálicas e dispensa frequentes inspeções”, diz Mol.

Outro método usado para análise de estruturas é o numérico, utilizado para obter o nível de utilização dos elementos metálicos. Neste caso, a perícia é feita com base na norma NBR-8800, ou na americana AISC (American Institute of Steel Constructors). “Essa verificação é normalmente aplicada quando se deseja observar o impacto de alguma modificação na estrutura. E também é usada para situações em que é necessário avaliar o nível de segurança após a identificação de alguma patologia. O cálculo leva em consideração as informações sobre todos os materiais utilizados na obra. Um exemplo clássico são os edifícios hospitalares, nos quais é comum a instalação de equipamentos de grande porte como, por exemplo, máquinas de ressonância magnética, que podem afetar o nível de segurança da estrutura”, explica.

As técnicas de perícia aplicadas nas estruturas prediais revelam as patologias que afetam a construção. Essas irregularidades são classificadas de acordo com o risco que oferecem – parcial ou integral – e inseridas nas categorias estrutural ou funcional. De acordo com o engenheiro Frederico Mol, as não conformidades frequentes e que, portanto, são as mais procuradas nas vistorias das estruturas metálicas são: deficiências de geometria, deformação, deflexão de elementos, corrosão, defeitos em conexão, defeitos em fixação de estruturas metálicas e defeitos causados pelo contraventamento. “Essas patologias, com frequência, são periciadas e encontradas em colunas principais, vigas, ligações parafusadas e em soldas”, diz.

CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
A perícia realizada nas estruturas metálicas sofre com a parcialidade dos profissionais que fazem a inspeção e dos que analisam o material coletado. Para uniformizar e encontrar a melhor maneira de resolver as inconformidades, os engenheiros parametrizam as patologias de acordo com um método de tomada de decisão. Um dos mais utilizados é a matriz GUT.

Segundo a norma de inspeção predial do Ibape/SP (2011), o método de tomada de decisão válido é a matriz GUT. Esse sistema prioriza os problemas com base nos fatores de Gravidade, Urgência e Tendência. A gravidade associa o impacto do problema e os efeitos a longo prazo, caso não seja solucionado. A urgência analisa o tempo necessário para a solução. E, por fim, a tendência calcula até onde a patologia pode se estender. “O procedimento utiliza o mesmo método que já foi estudado e aplicado nas estruturas de concreto e, agora, também foi incorporado na avaliação das estruturas metálicas. A matriz tem critério pré-estabelecido, permite uniformizar as análises de risco e possibilita a classificação imparcial do desempenho da edificação. A aplicação da matriz GUT é recomendada em qualquer trabalho pericial que envolva desempenho estrutural”, afirma a engenheira do Ibape/SP, Lucy Olivan.

A predisposição da estrutura para apresentar problemas patológicos pode ser originada na fase inicial – ainda no projeto, durante a construção, e até mesmo na fase de uso – utilização e manutenção. Segundo a engenheira Lucy Olivan, quando a perícia aponta uma irregularidade é importante também estabelecer as causas e a fase originária do problema. “Com essas informações detalhadas é possível prevenir novas patologias, como, por exemplo, trincas em soldas de emendas metálicas causadas por esforço de tração e por tempo de utilização”, conclui.

Fonte: AECWeb

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