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Em praticamente todas as cidades do mundo, sempre encontraremos algum tipo de espaço residual: terrenos vazios, áreas abandonadas, lacunas deixadas entre uma obra e outra, espaços em branco, sem uso. Nestas circunstancias, uma série de lotes urbanos acabam se tornando inadequados ou inaptos à construção de tipologias convencionais. Entretanto, estas mesmas limitações podem se tornar um terreno fértil para a nossa imaginação. Ressignificar um espaço esquecido, uma esquina desocupada, becos sem saída ou terrenos de formatos estranhos pode nos abrir uma nova frente de trabalho, criando novas oportunidades para o desenvolvimento urbano como um todo. Seja ampliando os espaços existentes de moradia ou acrescentando novas atividades e programas em áreas densamente povoadas, ocupar terrenos residuais pode ser uma valiosa contribuição para a ativação do espaço urbano.

Preencher lacunas e espaços vazios em centros urbanos nos permite usufruir ao máximo a infra-estrutura disponível, por outro lado, ocupar áreas não construídas também significa subtrair potenciais espaços públicos de uma cidade. Seja qual for a abordagem, a intervenção em espaços residuais é um tema muito discutível e cheio de nuances. À luz do crescente aumento da população mundial e do consequente incremento no preço do solo no centro das grandes cidades, é importante ponderarmos diferentes pontos de vista assim como distintas soluções possíveis, analisando em detalhe as consequências e repercussões das principais iniciativas e projetos urbanos voltados à ocupação de espaços intersticiais em centros urbanos densamente ocupados.

Uma Marca Registrada da Cultura Japonesa

Parece apropriado começar esta discussão falando sobre uma prática já tradicional na arquitetura japonesa, consequência de sues ambientes urbanos superpovoados. Projetos como a Casa Amor de Takeshi Hosaka Architects, a Casa em Nada de FujiwaraMuro Architects ou a Casa O por Hideyuki Nakayama Architecture, são apenas alguns exemplos de uma arquitetura cujo principal objetivo é tirar o máximo proveito de cada centímetro quadrado de espaço disponível.

O construção de espaços compactos no Japão é o resultado de uma série de condicionantes específicas, como o exorbitante valor do solo, altos impostos sobre a infra-estrutura pública urbana e, acima de tudo, a falta de espaço. Nessas circunstâncias particulares, a inventividade da arquitetura japonesa floresce onde nós — acostumados com a abundância de espaço — somos incapazes de imaginar soluções viáveis. Soluções dignas de nota podem ser vistas no projeto do Edifício em Ginza da SO&CO. O escritório japonês Atelier Bow-Wow costuma chamar essa tipologia de “Pet Architecture”, pois carregam consigo uma certa jocosidade em habitarmos espaços tão diminutos.

A Moda das Casas Estreitas


A densidade do tecido urbano e o alto valor do solo são alguns dos principais motivos pelos quais os arquitetos são encorajados a encontrar soluções espaciais criativas em terrenos cada vez menores. Embora construir casas estreitas esteja longe de ser algo novo na história da humanidade — com precedentes em culturas ancestrais e principalmente nas cidades medievais —, tal prática está se tornando uma tendência cada vez mais popular na arquitetura contemporânea.

Construindo Entre Empenas

Se casas estreitas são consequência de terrenos muito limitados, estas condicionantes parecem alimentar a criatividade de alguns projetistas. O projeto do Estúdio na Boomgaardstraat, concebido pelo escritório holandês de arquitetura Kuhne&Co na cidade de Rotterdam, é um edifício linear sob pilotis construído sobre uma estreita faixa de estacionamentos em pleno centro de uma das maiores cidades do país. Com 54 metros de comprimento e apenas cinco metros de largura, o edifício da rua Boomgaardstraat abriga uma série de espaços para escritórios além do estúdio e a residência dos arquitetos do projeto. Outro projeto similar desenvolvido pela Kuhne&Co é o Mauritsstraat, um pequeno edifício construído como uma ponte sobre a entrada de um pátio de estacionamentos, contando apenas com um espaço mínimo de acesso e escada no nível do solo.

Em muitas cidades americanas, grandes projetos de infraestrutura pública construídos durante a segunda metade do século XX deixaram uma série vazios e espaços residuais no tecido urbano. O edifício de apartamentos XS House projetado pelo escritório ISA na Filadélfia, é um dos muitos casos recentes de intervenção neste tipo de espaço. Através de um layout compacto e uso inteligente do espaço, este edifício recupera um espaço residual anteriormente utilizado como estacionamento, densificando e remendando o tecido urbano fragmentado do centro da cidade.

Espaços Residuais e Políticas Urbanas

Tendo observado algumas soluções possíveis, e analisando este fenômeno a partir de uma perspectiva mais abrangente, vale a pena mencionar a importância das políticas públicas de planejamento urbano para a definição dos possíveis destinos destes espaços urbanos residuais. Em 2012, a cidade de Rotterdam deu início a um programa chamado Klein&Fijn (traduzido como Pequeno & Bonito), encarregando ao Studio Hartzema um mapeamento de todos os terrenos residuais vazios no centro da cidade que poderiam ser utilizados para o desenvolvimento de novos empreendimentos. Como resultado desta pesquisa, foram mapeados centenas de pequenos espaços e áreas subtilizas onde era possível edificar, acrescentando 3 milhões de metros quadrados de potencial construtivo em toda a cidade de Rotterdam.

Salvo raras excessões, a maioria dos espaços residuais em centros urbanos são utilizados para a construção de habitação, isto é, com ou sem permissão para construir. Ampliar o leque de possibilidades, mapeando e viabilizando espaços urbanos residuais para a construção de novas estruturas que possam agregar novos programas, usos e funções ao espaço urbano é algo que requer muita disposição e, acima de tudo, um planejamento mais dinâmico e flexível.

Fonte: ArchDaily Brasil

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