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Após a tempestade que abalou a indústria do petróleo no país nos últimos anos, e especialmente no Estado do Rio, o céu começa a clarear, e a expectativa é que o setor volte a contratar este ano. Comércio, serviços e mercado imobiliário, que sofrem influência indireta do mercado de óleo e gás, também já começam a sentir essa melhora. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a perspectiva é que pelo menos 12 mil novos empregos sejam criados ainda em 2019.

Coordenador de Conteúdo Estratégico da Gerência de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, Thiago Valejo Rodrigues explica que o número considera apenas os postos de trabalho que têm como indutores os empregos em exploração e produção. Isso porque cada emprego direto em plataformas gera duas vagas indiretas, em atividades de terra e de apoio, e oito vagas no chamado “efeito multiplicador”, ou seja, toda a cadeia que é beneficiada pelo crescimento do setor, como prestadores de serviço e comércio.

— A gente usa o conceito de mercado de óleo e gás porque as atividades extrapolam a cadeia de produção, refino e distribuição — explicou Rodrigues, que aponta para uma tendência de crescimento nos próximos anos.

— A Petrobras espera dobrar a produção até 2030 e, para isso, os investimentos começam desde agora. O pré-sal também movimenta muito o mercado no país e no Rio de Janeiro. Há muita infraestrutura sendo construída não só para 2019, mas para os próximos cinco anos. Já é possível observar diversas vagas surgindo, tanto pelas operadoras, quanto pelos fornecedores que vão dar apoio a essas empresas — disse.

A Shell Brasil informou que também espera um aumento na atividade de exploração e produção no país, como resultado das novas áreas adquiridas nos leilões dos últimos dois anos.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou, em 2018, duas rodadas de leilão do pré-sal e duas rodadas de concessão. Em todas, foram leiloados blocos das bacias de Campos e Santos, das quais o Rio faz parte. Segundo a agência, essas áreas são responsáveis por cerca de 88% da produção nacional de petróleo.

Campos ficou fora dos leilões por cerca de dez anos, até 2017. Em 2018, a bacia produziu, em média, 1,2 milhão de barris de petróleo por dia, 13% menos do que no ano anterior. Mas um estudo do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) mostra que a área tem tudo para crescer em 2019, com promessa de destaque nas rodadas previstas para este ano.

Presidente do Clube de Dirigentes Lojistas (CDL) do município de Campos, Orlando Portugal comemora a retomada da indústria do petróleo na região:

— Esperamos que o investimento volte a acontecer. Os últimos anos foram difíceis, mas estamos otimistas de que as coisas vão melhorar.

Chances para todos os níveis de escolaridade

O momento é favorável para quem deseja investir na carreira no segmento de óleo e gás. Segundo Thiago Valejo Rodrigues, da Firjan, as áreas de exploração e produção são as que apresentam a maior demanda por profissionais neste ano:

— Há espaço tanto para técnicos de nível médio, quanto para profissionais do nível superior, inclusive nas áreas de Gestão e Administração. Nossa percepção é de uma concentração maior das vagas nas regiões de Macaé, Rio de Janeiro, Niterói, Angra dos Reis e Itaguaí.

Entre os atrativos das carreiras no setor do petróleo estão salários acima da média, mesmo para funções menos qualificadas, e a possibilidade de viagens ao exterior custeadas pelas empresas para realização de treinamentos e participação em congressos.

Porém, para Thiago Rodrigues, capacitação é fundamental para garantir uma vaga nesse mercado competitivo.

— A indústria está se modernizando e precisa de mão de obra cada vez mais qualificada e com resposta rápida para atender aos desafios com a digitalização. A tendência é que os trabalhos mais braçais sejam substituídos por máquinas. As empresas não vão precisar tanto de um ser humano para fazer algo que a máquina pode fazer, mas vão precisar de alguém para construir aquela máquina — explicou o porta-voz da Firjan.

De acordo com o último Anuário da Indústria do Petróleo no Rio de Janeiro, divulgado pela federação no ano passado, o encadeamento produtivo do petróleo no estado envolve mais de 80 mil trabalhadores.

— Existe demanda por profissionais experientes e qualificados, mas as empresas também têm um desejo por renovação, com pessoas recém-formadas. Há espaço para todos — apontou Rodrigues.

Fonte: O Petróleo