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Com foco de crescimento em renováveis através de fusões e aquisições, a AES Tietê relata que 2018 foi um ano atípico para negociações devido à insegurança causada pelo período eleitoral. Atualmente, a companhia avalia seis oportunidades de compra.

“As eleições trouxeram dúvidas para as empresas que querem vender ativos no setor. Priorizamos fusões e aquisições, por ter mais oportunidades, mas também nos preparamos para investimentos em greenfield [projetos ainda em fase de concepção] quando o mercado voltar a crescer”, declarou o diretor de desenvolvimento de novos negócios, Bernardo Sacic, em encontro com acionistas nesta terça-feira (27).

Em setembro, o braço de geração do grupo AES Brasil concluiu a aquisição do complexo solar Guaimbê, do grupo espanhol Cobra, por R$ 607 milhões. A empresa tem uma meta de chegar a 50% de sua geração por meio de usinas renováveis não hídricas até 2020. “O objetivo existe e pode ser atingido por meio de fusões e aquisições, mas o que define são as boas oportunidades” explicou.

Sacic afirmou que a empresa avalia o que está disponível no mercado, mas não há um compromisso de resolver tudo até a data estabelecida. “O retorno tem que ser acima do investimento. Se não houver bons projetos disponíveis, adiamos a meta.”

Mesmo com os resultados das eleições definidos, a companhia acredita que ainda está muito cedo para perceber uma melhora no ambiente de negócios. “Talvez melhore, mas é difícil avaliar. A eleição foi só há um mês”, avalia o presidente da AES Brasil, Ítalo Freitas.

A AES Tietê tem seis anos para cumprir um acordo com o governo de São Paulo para expandir sua geração no estado em 81 megawatts (MW). O acordo é a expansão de um compromisso assumido na compra de hidrelétricas da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) em 1999 e que deveria ter sido atingido em 2008. “Conseguimos negociar o prazo para que não haja penalização à empresa. Essa necessidade será de 40 MW caso ocorra via mercado livre”, esclareceu Freitas.

Novo governo

O presidente da companhia vê indicações de que o Ministério de Minas e Energia (MME) do governo de Jair Bolsonaro terá perfil favorável ao mercado. “Pela equipe de transição, parecer haver um viés simpático à reforma do setor elétrico. Precisamos nos preparar para esse novo cenário regulatório.”

Freitas avalia que vai haver uma maior abertura do ambiente de livre contratação. “Isso vai gerar uma série de oportunidade para a AES, com novos serviços e maior número de clientes. Para acessar esse mercado, é necessário já ter um portfólio de projetos, o que nos dará uma vantagem.”

O diretor comercial da AES Tietê, Rogério Jorge, revela que está ocorrendo uma janela de oportunidades na contratação de mercado livre no longo prazo. “Há uma preocupação de que, com a recuperação da economia, a energia fique mais cara nos próximos três a cinco anos. Estamos vendo contratos um pouco mais longos, de 10 a 15 anos”, conta.

Freitas acredita que 2019 será um ano de consenso para o setor elétrico. “Confirmando-se um perfil técnico no MME, a nova equipe vai ter uma compreensão mais rápida do que é melhor para o mercado”, pondera.

Entre os principais desafios, está a resolução da questão do risco hidrológico [GSF]. O executivo contou que a AES, em conjunto com a Enel, CTG, Brooksfield e Light se reuniu com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para discutir o tema. “Recebemos uma proposta e encaminhamos outra. A discussão passa por pontos como atraso de obras, ressarcimento das empresas, uma busca por uma solução fora da esfera jurídica.”

Ele explica que, além da aprovação do projeto de lei que soluciona a inadimplência do GSF por meio da prorrogação de concessão da outorga para as geradoras, é necessário negociar quanto do total deve ser pago pelas empresas. “Vamos discutir com a Aneel quanto temos que pagar e receber.” Freitas ressaltou a necessidade de uma solução estrutural para evitar que o problema se repita.

Fonte: DCI