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A magnitude dos impactos causados por eventos climáticos extremos ao redor do mundo mobiliza especialistas de diferentes áreas. Uma delas é a engenharia ambiental, que tem ganhado espaço principalmente no setor privado, cada vez mais pressionado a se adequar a processos sustentáveis.

“Se as empresas não tomarem essa decisão estratégica [de conformidade ambiental], elas terão mais dificuldade de competir no mercado”, diz à Folha Viviana Zanta, vice-coordenadora do curso de engenharia sanitária e ambiental da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Por ter uma visão mais sistemática dos problemas, o engenheiro ambiental é requisitado em diferentes frentes de atuação, como na gestão ambiental, na avaliação de impactos e riscos ambientais, no desenvolvimento de tecnologias limpas e na gestão de resíduos sólidos.

“Na indústria sempre há espaço para quem consegue trazer soluções, e isso é bastante presente na formação em engenharia ambiental”, afirma Jonathan Haruki, 34, que trabalha com gerenciamento de áreas contaminadas em uma multinacional.

Graduado pela Universidade Federal de Itajubá (Unifei), seu primeiro emprego foi no setor de análise de riscos socioambientais em um banco. Por gostar mais de atuar em campo, ele buscou a transição de carreira. Atualmente, é responsável por identificar, mensurar e remediar a contaminação em terrenos dos clientes que atende.

A primeira etapa é avaliar o histórico da indústria e mapear potenciais fontes de contaminação. Depois, é feita a coleta de amostras do solo e da água subterrânea, que são analisadas em laboratório. Confirmados os níveis de contaminação acima dos padrões legais, a equipe calcula a extensão da contaminação para avaliar o risco à saúde humana e na sequência escolher a melhor técnica de remediação.

Além de olhar para a saúde de quem trabalha ou mora nas proximidades, o objetivo é minimizar impactos relacionados à utilização da água subterrânea e à desvalorização de imóveis.

O trabalho, porém, não serve como um sinal verde para as indústrias poluírem os terrenos, diz Jonathan. Os casos já vistos por ele são de contaminações históricas, de muitos anos atrás, ou de problemas operacionais.

“É sempre mais barato prevenir do que remediar. Muitos dos contaminantes são produtos utilizados no processo produtivo que vazaram; nesses casos, já há um prejuízo de não aproveitar o recurso da melhor maneira.”

Antes da legislação ambiental ganhar mais força, havia uma disputa corporativa contra algumas normas. “Eu sou da época em que licenciamento ambiental era muito criticado, tinha-se a ideia de que impedia o desenvolvimento do Brasil”, conta Viviana.

“Hoje a gente tem políticas que obrigam empresas e órgãos governamentais a fazerem a logística reversa, de gestão correta desses resíduos”, acrescenta Simone Pozza, coordenadora associada de graduação em engenharia ambiental na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Sobre os desafios de ser engenheiro ambiental, Simone destaca o convencimento da sociedade quanto à urgência dos cuidados com o meio ambiente.

As rápidas mudanças causadas pelo cenário climático motivam alterações nos currículos acadêmicos e profissionais, que devem permanecer em constante atualização. “Se a gente olhar só para o Brasil dos últimos 12 meses, temos muito para estudar, planejar e resolver”, afirma a coordenadora.

Para Viviana, da UFBA, profissionais com capacidade de compor e liderar equipes multidisciplinares em busca de soluções serão cada vez mais necessários. “Não gosto de falar em profissão do futuro, eu diria que [engenheiros ambientais] são a profissão do momento.”

Uma dica da professora a pessoas interessadas em seguir a área é fazer uma pesquisa completa de universidades para conhecer a grade curricular e o perfil dos cursos e verificar se atendem às expectativas.

Em sua visão, os programas de engenharia ambiental das universidades brasileiras costumam dar uma base comum de engenharia e aprofundar em alguns temas. Depois, com o diploma na mão, o profissional pode buscar a especialização que deseja —como fez Jonathan antes de migrar para o gerenciamento de áreas contaminadas.

Fonte: Folha de S. Paulo / UDOP União Nacional da Bioenergia