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Com mais de 85% cidades gaúchas afetadas pelas chuvas da última semana, o debate sobre como mitigar os efeitos das mudanças climáticas está mais em alta do que nunca. As enchentes no Rio Grande do Sul deixaram cidades completamente alagadas e mais de 9 mil pessoas desabrigadas em Porto Alegre.

A ação do homem e as emissões de gases de efeito estufa levaram a condições de clima e temperatura severas. Segundo relatório do IPCC, o mundo já aqueceu quase 1,3°C em relação ao período anterior à Revolução Industrial (1850-1900), o que proporcionou um aumento de 6,7% da quantidade de chuvas no Brasil, ocasionando desastres como as enchentes do Rio Grande do Sul.

Neste cenário, alguns países como Dinamarca, China e principalmente a Holanda – que sofria com o risco de alagamentos e enchentes por grande parte do seu território estar localizado abaixo do nível do mar –, criaram uma estratégia para combater esse problema: os parques alagáveis. Uma alternativa aos piscinões, estes espaços urbanos são construídos para serem alagados com o excesso de água das chuvas.

“Temos que dar espaço para as águas – e não brigar com elas. É preciso deixar as águas realmente ocuparem e se expandirem em trechos onde elas têm espaço para isso. Permiti-las chegar e irem embora, seguindo seu fluxo. Temos que fazer as pazes com as águas e os parques alagáveis são uma grande ferramenta para isso”, comenta Paulo Pellegrino, professor de Planejamento e Projeto de Paisagem da FAU-USP.

Como funcionam os parques alagáveis

Como as áreas de várzea naturais foram amplamente destruídas ao redor do mundo por conta do avanço das cidades, os parques alagáveis foram criados como formas de gerir o escoamento da água no cenário urbano. Ao usufruir da capacidade natural da vegetação e do solo, estes espaços absorvem a água da chuvas e evitam que ela invada áreas residenciais.

Yanweizhou Park, na China, também é um parque alagável — Foto: Reprodução/Turenscape
Yanweizhou Park, na China, também é um parque alagável — Foto: Reprodução/Turenscape

Mas como? Durante fortes períodos de chuvas, o espaço é responsável por reter a água e, portanto fica inutilizado. À medida que ela vai sendo liberada aos poucos através de um processo natural, o nível da água baixa e a comunidade pode usufruir dos playgrounds, quadras e outras áreas de lazer, como qualquer outro parque pela cidade. Além disso, se composto por determinadas espécies de plantas aquáticas, o parque tem a capacidade de filtrar a água da chuva, que pode ser tratada e reutilizada.

“Esses projetos trazem diversos benefícios: protegem as pessoas das inundações, criam grandes berçários da natureza, abrigam extensas áreas de recreação e lazer e, ainda, criam as chamadas ilhas de frescor, que garantem uma temperatura mais amena quando a cidade estiver sob efeito de ondas de calor”, explica Paulo Pellegrino.

Vista do Parque Barigui, em Curitiba, alagado em 2023 — Foto: Ricardo Marajó/SMCS
Vista do Parque Barigui, em Curitiba, alagado em 2023 — Foto: Ricardo Marajó/SMCS

Os parques alagáveis fazem parte das Soluções Baseadas na Natureza (SBN), que consistem em medidas urbanas inspiradas em processos que reproduzem a “tecnologia da natureza”. Para completar, Pedro Henrique de Christo, arquiteto, urbanista e mestre em Políticas Públicas pela Harvard University, explica que essas medidas estão ligadas ao novo conceito de urbanismo climático, que tem o objetivo de criar cidades mais sustentáveis, adaptáveis e resilientes perante eventos climáticos extremos.

“O urbanismo que construiu nossas cidades era baseado em uma matriz energética com foco no petróleo, gás e carvão, ignorando os sistemas naturais. Agora, com a crise climática, é essencial mudar este pensamento e construir um urbanismo climático”, afirma Pedro Henrique.

Exemplos de parques alagáveis pelo Brasil

Curitiba

Parque Barigui, em Curitiba — Foto: agustavop/Getty Images
Parque Barigui, em Curitiba — Foto: agustavop/Getty Images

Inaugurado em 1974, o Parque Barigui, em Curitiba, capital do Paraná, é considerado um parque alagável. Com cerca de 1,4 milhão de m², o espaço foi desenhado para ser uma área de contenção de chuvas, com o objetivo reter as águas e drená-las para que não cheguem até as áreas residenciais. Além do Barigui, segundo a Prefeitura de Curitiba, os parques São Lourenço, Bacacheri, Tingui e Atuba têm a mesma função.

“Curitiba conta com 49 parques e bosques, além de 60 m² de área verde por habitante. Essa infraestrutura verde da cidade funciona como áreas permeáveis que ajudam na infiltração de águas de chuvas, evitando os processos de inundação e alagamentos. Os parques lineares [como o Barigui] têm uma importância fundamental e fazem parte da macrodrenagem da cidade, porque são alagados durante grandes precipitações, evitando que outras áreas habitadas sejam prejudicadas”, diz Marilza Dias, secretária municipal do Meio Ambiente.

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Fonte: Casa Vogue

By Leonardo Sangali

Técnico em Edificações, estudou Engenharia Civil pela Universidade Gama Filho e Engenharia cartográfica pela Uerj, atualmente é graduando de Administração de Empresas. Atuou como Desenhista Projetista na Mendes Júnior SA e em 1987 iniciou como instrutor de AutoCAD na Desckgraphics. Fundou em 1998 o Grupo HCT, empresa especializada na atualização de Engenheiros e Arquitetos. Em 2007 projetou e implementou o primeiro centro de treinamento EAD no Brasil voltado para Engenheiros e Arquitetos, utilizando live streaming, posicionando o Grupo HCT como vanguardista na educação continuada no Brasil.