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A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovou o projeto de concessão da exploração do trem-bala que liga as cidades de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), na quarta-feira (22/2). A agência publicou a autorização no Diário Oficial da União (DOOU).

A companhia beneficiada é a TAV Brasil, ela poderá explorar a concessão por 99 anos, que poderão ser prorrogados. A empresa pediu à ANTT para construir uma linha férrea de cerca de 380 km de extensão, com quatro estações inicialmente previstas. A estimativa é que a viagem será feita em 1h30.

Mapa do projeto:

Mapa elaborado pela empresa TAV Brasil, os pontos em vermelho são as estações previstas

O planejamento da empresa mostra que as estações estarão localizadas na Zona Norte de São Paulo e na Zona Oeste do Rio de Janeiro, portanto, longe dos centros. A justificativa, na proposta, é que isso reduziria o custo.

“A requerente pondera ainda que a implantação do TAV [trem de alta velocidade] está fora das áreas mais adensadas, o que reduz o custo de investimento. E que posteriormente, poderá haver a criação de novas estações a partir de acordo entre as prefeituras do municípios que serão conectados pelo TAV”, relatou a ANTT.

Para o especialista em mobilidade e planejamento urbano Ricardo Correa da Silva, o afastamento do centro da cidade pode ser um problema. Segundo explica, o fato de o usuário precisar se deslocar por cerca de uma hora até as estações tira do projeto de trem-bala a competitividade com a aviação, que é o principal atrativo para o uso deste tipo de modalidade de transporte no mundo.

Em artigo que preparou com o urbanista Ivan Alves, os especialistas argumentam que o projeto tem chances de não ser plenamente usado pela população.

“É necessário que o projeto contemple mais estações valendo-se de tecnologias existentes como o vagão de embarque e o vagão de desembarque, tornando dinâmicas essas escalas. Da forma colocada é muito grande a chance de subutilização. O usuário durante a semana é o mesmo usuário da ponte aérea, ele não vai trocar a ligação Congonhas – Aeroporto Santos Dumont”, escrevem.

A ideia de ligar as duas principais cidades do país por um trem-bala foi proposta pelo presidente Lula ainda em seu segundo mandato, em 2010. À época, o objetivo era deixar a obra pronta para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, que aconteceram em 2016. De lá pra cá, o projeto não saiu do papel, especialmente por dificuldades em tornar a iniciativa rentável.

A ANTT questionada sobre os custos previstos para a implementação do projeto e o cronograma apresentado pela empresa, para saber em quanto tempo ele estará funcionando. Em resposta, a Agência informou que cabe à empresa esclarecer detalhes sobre o tema e que a ANTT fará o acompanhamento do projeto.

Fonte: Metropóles