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Como o Qatar lidará com as altas temperaturas dentro dos estádios

A Copa do Mundo de Futebol do Qatar 2022 tem, além do futebol, a meteorologia como ponto de especial interesse. O evento foi adiado por conta das altas temperaturas em que aconteceriam os jogos em junho-julho.

Além do potencial risco à saúde dos jogadores, muitas tecnologias de acondicionamento de ar nos estágios, campos de treinamento e área de torcedores. Também foi prometida um protótipo intitulado Qatar Showcase foi desenvolvido que mostrava como esse sistema funcionaria.

Porém, apesar de a FIFA manter seu posicionamento de adiar a Copa para os meses do fim do ano, o Qatar Showcase continuou em desenvolvimento visto que o acondicionamento mecânico dos estádios e o legado que o torneio deve oferecer para a população, segundo o Comitê Organizador, deveria ser o melhor possível.

Tecnologia de resfriamento dos estádios

Qatar Showcase apresentou em 2011 um sistema de refrigeração que utilizaria placas solares para gerar energia e resfriar a água em até 6°C, o ar refrigerado seria distribuído pelo estádio por meio dos assentos feitos em material perfurado. Além disso, a cobertura inclinada possibilitaria o sombreamento de grande parte do estádio. No entanto, apesar de funcional, a ideia merecia aprofundamento em termos financeiros e de sustentabilidade.

Muita especulação foi criada em torno dessa tecnologia de resfriamento. Contudo, às vésperas da competição, Dr. Saud Ghani, professor de Engenharia Mecânica da Qatar University, vem apresentando a tecnologia que de fato resfriará os estádios da Copa.

Apelidado de Dr. Cool, Ghani acredita que a arquitetura dos estádios deve ser um elo positivo entre design e clima. Na sua visão, a edificação não deve funcionar contra o clima, mas deve ser inteligente e trabalhar com ele. Como fruto de suas pesquisas, para enfrentar o desafio de refrigerar um estádio ao ar livre, um sistema baseado em sustentabilidade e funcionalidade foi criado.

Com objetivo de criar um microclima no qual o ar quente não consegue penetrar, o primeiro passo seria analisar aerodinamicamente a forma arquitetônica dos estádios.

Um estudo com modelos 3D ajudou a definir as dimensões das aberturas superiores dos estádios, otimizando seu formato para evitar a entrada do ar quente e proporcionar sombreamento.

Após a otimização dos projetos arquitetônicos, o próximo passo foi o desenvolvimento do sistema de refrigeração propriamente dito, que se deu por meio de uma constatação importante apresentada por Ghani. Portanto, não era necessário resfriar todo o estádio, o sistema deveria se concentrar no campo e subir até mais ou menos 2 metros acima do assento mais alto.

Com isso, trabalhou-se em um sistema de resfriamento pontual, focando nessas áreas específicas. Na prática, a ideia se materializa em difusores do tamanho de uma bola de futebol. Estes jogam o ar para o campo enquanto elementos menores sopram o ar na altura dos tornozelos. Esse sistema de difusores, que além de funcional apresenta um design interessante, não foi patenteado e poderá servir a comunidade científica.  

Ghani credita o sucesso do sistema à colaboração entre os arquitetos e engenheiros que trabalharam em conjunto desde o início do processo projetual.

Focando agora nos últimos ajustes, em menos de um mês os estádios estarão ocupando os holofotes e seu sistema testado por todo mundo.

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